Publicado na revista Lumiere Electric numero 244 - agosto 2018
A definição para prédios inteligentes abarca diversos níveis. Em um nível literal, a conectividade entre os sistemas de um edifício torna possível para seus usuários obterem de forma automática maior segurança, condições ambientais ideais (como iluminação e climatização, por exemplo), comunicações e outros fatores - ajudando a manter um ambiente acolhedor propício às atividades que acontecem dentro da edificação.
Estas redes de sistemas tornaram-se mais críticas para a
eficiência das operações de uma empresa. Assim, numa definição mais ampla, os
edifícios inteligentes também são um meio eficaz para um negócio que deles se
utiliza reduzir custos e tonar mais ágeis as suas operações, o que logicamente
aumenta a sua eficiência operacional.
Esta também seria uma abordagem "inteligente",
traduzida na redução de despesas e na criação de um modelo de crescimento
flexível. A conectividade de um edifício
inteligente no início do século 21 deve ser vista como um sistema com
infraestrutura de comunicações que suporta as mais diversas aplicações (com e
sem fios) que podem se integrar em diversos níveis e situações visando à
otimização de todas as operações envolvidas
Alguns estudos destacam na prática três vertentes emergentes
de como as empresas estão buscando aumentar a sua eficiência baseadas também no
uso de edificações inteligentes:
1. A necessidade de conectividade móvel dentro e fora da
empresa, uma vez que cada vez menos funcionários estão vinculados a postos
fixos de trabalho, portando não se pode descartar uma cobertura sem fio
onipresente
2. A necessidade de estabelecer uma base de infraestrutura
pronta para o futuro principalmente visando a tendência irreversível da IoT
(Internet das Coisas)
3. A necessidade de convergir muitas redes díspares ou
proprietárias em uma única camada padrão (IP sobre Ethernet)
Internet das Coisas
Hoje, apenas uma pequena fração dos dispositivos em
edifícios está realmente conectada à rede. Para perceber completamente o
potencial da IoT, o desafio é conectar esses dispositivos autônomos via
Ethernet, celular, Bluetooth, Zigbee®, Wi-Fi ou outros protocolos, dependendo
da aplicação e o dispositivo. Isso faz com que o principal
benefício da IoT seja a capacidade de coletar dados, processá-los, e analisá-lo
para conduzir decisões mais completas e inteligentes.
Segundo estudos da
McKinsey, o impacto e o valor da IoT deverá exceder US $ 11 trilhões até
2025 e este tipo de conectividade é
absolutamente essencial para garantir que esse valor possa ser alcançado.
Como se sabe, há vastas aplicações sendo desenvolvidas para
a IoT hoje. Embora esteja claro que nenhum protocolo será usado para todas as
aplicações, existem alguns que mais provavelmente serão implantados em
aplicações de cidade inteligente, onde taxa de potência, baixa taxa de dados e
suporte de longa distância é requerida. Da mesma forma, haverá outros
protocolos que serão mais predominantes em prédios inteligentes que não possuem
requisitos de cobertura delongas distâncias.
Conectividade sem fio será predominante, mas um robusto
backbone com fio ainda será necessário
para garantir que toda transmissão requerida possa ser suportada.
À medida que essa convergência se torna mais pronunciada,
novas oportunidades surgem para integrar o setor imobiliário e de construção, telecomunicações
e a criação de gerenciamento e instalações em uma infraestrutura de rede única
e simplificada que possa dar cobertura a aplicações como:
• Redes Wi-Fi
• Soluções sem fio no edifício
• Iluminação inteligente de LED e redes de sensores
• Sistemas audiovisuais
• Segurança e controle de acesso
• Automação predial
Do ponto de vista operacional, essa integração é uma
alternativa altamente preferível à manutenção de topologias (cabeadas ou sem
fio) discretas, cada uma exigindo seus próprios materiais, experiência e
gestão.
O alinhamento a uma infraestrutura de rede única e
inteligente que pode gerenciar todos os locais de tráfego na empresa pode
reduzir os custos de instalação em até 50% e reduzir despesas em longo prazo.
Como tratar a segurança das redes?
Um novo conceito passa a despontar quando tratamos da
integração e gestão dos sistemas prediais sob esta nova ótica: o AIM ( Automated Infrastructure Management
ou infraestrutura automatizada de gestão)
E o que define o AIM? Um hardware integrado e um sistema de
software que detecta automaticamente a inserção ou remoção de cabos e demais
elementos na infraestrutura predial. E também documenta este cabeamento da infraestrutura,
incluindo os equipamentos conectados, permitindo o gerenciamento da infraestrutura
e a troca de dados entre os diversos sistemas.
A segurança de rede é essencial nos espaços corporativos
conectados. As redes raramente deixam evidencias
quando são violadas ou comprometidas. Por exemplo, nós raramente consideramos as
redes que estão sendo utilizadas pela nossa loja online favorita ou a nossa
companhia aérea preferida até que um incidente de pirataria expõe nossos dados financeiros
confidenciais, uma página de checkout se recusa a carregar ou ocorre uma onda inesperada
de cancelamentos de voos ...
Embora as causas do tempo de inatividade sejam amplas, a
segurança da rede é uma preocupação importante. É algo que deve ser endereçado
em todos os níveis - desde a criptografia no nível do aplicativo, até a
autenticação, seja nas redes privadas virtuais (VPNs), firewalls e, finalmente,
na segurança da camada física. Como em todos os elementos da rede, a camada
física da infraestrutura é uma parte crítica do planejamento adequado contra
intrusões ou outros cenários ainda piores.
Portanto o AIM se traduz num “olho automático” vigiando a de
forma automática a infraestrutura, monitorando
constantemente toda a rede, a conectividade física da camada e que documenta
automaticamente todas as mudanças e pode até provocar alertas em caso de uma nova conexão não programada, como
um intruso ligando um laptop a uma rede fechada.
Conclusões
Assim, podemos dizer que em geral reduzir o número de redes
discretas ajuda a garantir maior confiabilidade e disponibilidade. Com uma
infraestrutura flexível e adaptável, é simples e econômico mudar ou expandir os
sistemas que ela suporta, pois como as necessidades de negócios mudam, será possível
aumentar a longevidade das aplicações implantadas.
Conseguir projetar e implantar esta convergência de
tecnologias em uma infraestrutura flexível é uma solução imprescindível para
muitos dos negócios atuais, sejam de qualquer área de atuação. Ambientes
empresariais que mudam rapidamente precisam destas três vantagens - custo,
confiabilidade e agilidade - para funcionar de forma eficiente e competitiva.
Mostramos assim que uma edificação moderna não pode ser
considerada apenas como uma estrutura rígida e de uso universalizado. Casa
usuário da edificação e suas necessidades específicas alteram a forma como o prédio deve “se comportar”
para atende-lo.
Portanto haverá uma sensível mudança nos padrões habituais
dos sistemas de gerenciamento e automação dos prédios. Tratar a integração de
toda esta diversidade de equipamentos, viabilizar a utilização eficiente e
segura das diversas “nuvens” e fazer a leitura correta dos abundantes dados que
serão gerados será um desafio crescente a ser vencido pelos profissionais que
congregam as categorias de projetistas, programadores e gestores de
edificações.
(Para elaboração deste
artigo foram utilizadas pesquisas recentes, entre as quais destacamos o estudo “Smart
Building Connectivity” do acevo da CABA – Continental Automated Buildings
Association – www.caba.org)
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