Autor: Eng. Fernando Santesso - Diretor de Projetos da AURESIDE
Artigo publicado na Revista Lumiere Electric de julho de 2018
Embora o setor de saúde às vezes demore a adotar
novas tecnologias, o uso de automação predial tem se consagrado na área, principalmente
em novas edificações, onde sistemas de automação predial vêm sem adotado com
frequência.
Hospitais e outras instalações de saúde estão
enfrentando pressões cada vez maiores para serem competitivos e conter custos
diante de uma demanda crescente de uma população mais longeva e tecnologias novas
e caras.
Quando o assunto é melhoria no potencial de redução
de custos operacionais gerais em instituições de saúde, os sistemas de
automação predial são uma ferramenta importante para conter o desperdício de
dinheiro nesse tipo de edificação.
Habitualmente os hospitais são grandes consumidores
de energia. Dados apontam que hospitais consomem até 150% a mais de energia por
metro quadrado do que uma edificação comercial. Logicamente, um dos fatores
preponderantes para esse elevado consumo é a operação de 24 horas. Soma-se a
isso o fato de que a preocupação principal dos usuários de um hospital é salvar
vidas e não controlar iluminação ou gasto de energia.
Alguns estudos realizados nos Estados Unidos
apontam que o uso de sistemas de Automação Predial em edificações hospitalares
pode gerar uma economia da ordem de 20% do consumo de energia.
Esse artigo apresentará alguns dos componentes de
um sistema de automação predial (BAS ou BMS) com foco em aplicação hospitalar,
clínicas e outras edificações da área da saúde.
SISTEMAS
DE AUTOMAÇÃO DE PREDIAL (BAS)
O ponto chave para o sucesso da implantação e uso
de um sistema de automação predial é saber determinar as necessidades e
escolher um sistema que permita longevidade na instalação e escalabilidade para
futuras expansões.
A correta seleção do sistema de automação predial
pode gerar benefícios significativos para as unidades de atendimento na área da
saúde.
As funcionalidades existentes são as mais diversas
e variadas possíveis podendo transitar entre o simples monitoramento de áreas e
instalações críticas, integração de software de agendamento de pacientes até interfaces
especializadas para usuários finais como pacientes e enfermeiros.
A seleção de um sistema de automação, contudo, deve
respeitar as características de uso e operação da edificação sendo que as principais
aplicações de um sistema de automação predial para hospitais e clínicas, não
divergem em sua essência das aplicações existentes em outras edificações, como
por exemplo: edifícios comerciais, educacionais, shoppings centers e outros.
Os pontos focais de controle e automação para essas
edificações são: Sistema de Ventilação, Refrigeração e Aquecimento (HVAC), Sistema
de Iluminação, Sistema de Segurança, Sistema de Incêndio e Controle de Acesso.
Há caso, entretanto, que se pode ir além, usando os
dados coletados do Sistema de Automação Predial para auditorias, certificações,
monitoramento e outras atividades que são próprias da área da saúde.
GERENCIAMENTO
DE ENERGIA
O primeiro, e muito possivelmente, maior fator para
uso de sistemas de automação predial em edificações hospitalares é a gestão de
energia.
O custo da energia tem subido e isso é uma
tendência global. Como hospitais são grandes consumidores, os gestores das
instalações sentem a necessidade de controlar os gastos a fim de evitar
desperdícios de receitas.
O BAS permite aos gestores de instalações
hospitalares, não apenas acompanhar e monitorar seu consumo, mas também atuar
diretamente sobre cargas e sistemas consumidores programando ajustes para que
funcionem de maneira mais racional e efetiva no consumo de energia.
Por exemplo, configurar o set point de temperatura
para o funcionamento adequado do sistema de refrigeração a fim de oferecer
conforto e saúde aos ocupantes da edificação sem haver desperdício de energia.
Programar o funcionamento de iluminação baseado no uso e ocupação de espaços
para mitigar consumo desnecessário. Todas essas ações reduzem os custos e a
pegada de carbono de uma instalação.
Quando bem aplicadas as tecnologias de
gerenciamento de energia são eficazes na redução de operações de equipamentos
não críticos operando de acordo com tráfego de pacientes e gerando economia
significativa anualmente para hospitais e clínicas.
VENTILAÇÃO,
AQUECIMENTO E AR CONDICIONADO
Os Sistemas de Ventilação, Aquecimento e
Condicionamento de Ar são um dos principais consumidores de energia em uma
instalação hospitalar, podendo chegar, em alguns casos, a 50% do valor total de
consumo de energia.
Como o conforto do paciente e usuário é um fator
chave, regular a temperatura em um hospital de grande porte é sempre um desafio.
O uso de sensores inteligentes integrados à automação predial permite o
controle de zonas de temperaturas e ajuste para operar de acordo com as
condições externas, otimizando o sistema e oferecendo um controle eficaz dentro
das normas estabelecidas de conforto térmico e saúde ambiental.
SEGURANÇA
E RESPOSTA DE EMERGÊNCIA
A segurança dos pacientes e funcionários é
fundamental dentro dos hospitais, que também devem evitar o roubo de drogas e
equipamentos. Além disso, procedimentos de emergência e evacuação são outra
área de preocupação que não pode e não deve ser negligenciada.
Para isso, os sistemas de automação predial
permitem a gestão sobre controle de acesso e gerenciamento de visitantes, e
dependendo do nível de integração é possível oferecer rastreabilidade dos
ativos, pacientes e funcionários, além de liberações e restrições de acesso de
maneira eficaz. Apenas exemplificando, é possível até mesmo fazer check-ins
automáticos de maneira online antes mesmo de chegar ao hospital.
Já quando o assunto é monitoramento e vigilância, as
redes via IP (internet protocol) tem oferecido integração de com o sistema de
automação para identificação de pessoas, desvios e roubos, ações emergenciais e
até mesmo controle de acesso via reconhecimento facial, aumentando assim o
nível de segurança das instalações.
Os sistemas de automação predial podem ainda ser um
instrumento chave para respostas em momentos de crise e emergência. O uso de
sensores de temperatura pode oferecer um alerta antecipado quando ocorre um
incêndio, por exemplo. Uma vez emitido o alerta, o sistema de automação predial
entra em protocolo de emergência sincronizando ações e enviando comandos ao
sistema de combate a incêndio para acionar sprinklers, ao sistema de ventilação
e climatização para reverter o fluxo de ar bombeando a fumaça para fora do
prédio, liberando as portas de emergência, controlando elevadores e os
encaminhando para locais seguro além de muitas outras ações que podem reduzir
prejuízos e salvar vidas durante um evento como um emergencial.
SEGURANÇA
DE REDE: FUNDAMENTAL
Cada vez mais conectados à internet e utilizando-se
de dados e informações nas nuvens, os sistemas de automação predial estão se
tornando uma peça importante do quebra cabeça da segurança da informação.
Por esse motivo a segurança de rede é crítica para
as unidades de saúde, e todos os aspectos da automação predial devem ser
protegidos contra o ataque de hackers e vírus, considerando o valor dos dados
contidos nas instalações, bem como o potencial dano em caso do comprometimento
de operação do sistema.
A segurança nos sistemas de automação predial deve
ser uma prioridade para hospitais e a escolha dos sistemas que serão instalados
deve contar necessariamente com a participação da equipe de TI (tecnologia de
informação).
Existem muitas tecnologias disponíveis no mercado e
a análise criteriosa de um sistema que não comprometa a segurança é tópico
prioritário na definição dos hardwares e softwares que farão parte do sistema
de automação predial para hospitais.
INDO
ALÉM COM O SISTEMA DE AUTOMAÇÃO PREDIAL
Os sistemas de automação predial (BAS) também podem
servir para melhorar a experiência do paciente incrementando significativamente
a visão dele sobre sua estadia no hospital ou clínica. Um BAS bem projetado com
recursos remotos pode proporcionar aos pacientes maior controle sobre seu
ambiente físico, permitindo a eles uma sensação de fortalecimento e conforto
com a capacidade de ajustar o ambiente ao seu gosto.
Ao mesmo tempo, os gerentes de instalações podem
usar o BAS para definir parâmetros a fim de manter o controle de ambientes e
salas dentro dos níveis adequados para os pacientes e recomendados para a
eficiência energética. Isso leva a custos de energia reduzidos e a
classificações mais altas de satisfação dos pacientes.
Os controles de automação também podem ser usados
para manter condições ambientais muito específicas com a finalidade de
garantir que as instalações mantenham os pacientes livres de infecções. O BAS
pode controlar a temperatura e a umidade, por exemplo, que são dois componentes
essenciais na prevenção dessas infecções além outras variáveis que isolem ou
mitiguem a possibilidade de disseminação de doenças propagadas pelo ar.
Outra grande aplicação dos sistemas de automação
predial em hospitais é quando usado em conjunto com tecnologias de radiofrequência
(RFID) ou localização em tempo real para manter a segurança dos ativos,
alertando a equipe se um equipamento valioso for levado para fora de uma área
definida, o que pode sugerir que está sendo roubado.
Essa mesma tecnologia pode servir para localizar
ativos (macas e cadeiras de rodas), além de funcionários que estiverem dentro
da instalação do hospital. Pode ainda servir para segurança do próprio
paciente, por exemplo, sinalizando para a equipe quando um paciente com
Alzheimer sai de sua área segura, por exemplo.
Em suma, o sistema de automação predial de um
hospital pode fazer muito mais do que apenas otimizar o sistema HVAC. Sistemas
avançados de automação predial permitem que os administradores monitorem e
controlem uma ampla gama de funções críticas. Estas incluem segurança de vida,
cargas, controle de acesso e circulação personalizada. Os sistemas de automação
predial aplicados a hospitais reduzem os custos de manutenção e aumentam a
eficiência energética, tornando-se uma ferramenta indispensável para esse tipo
de instalações.
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