Autor: Eng. José
Roberto Muratori
Publicado na revista Lumiere Electric 242 - julho 2018
Publicado na revista Lumiere Electric 242 - julho 2018
Durante os
últimos anos temos refletido e promovido debates sobre a qualificação de
profissionais para atuar em projetos e instalações de Automação Residencial e
Predial. E notamos que sensíveis progressos têm acontecido, envolvendo a
participação direta de fabricantes, distribuidores, escolas técnicas, imprensa
especializada e entidades do setor, como a AURESIDE. A capacitação, e mesmo a
certificação, destes profissionais já atingem patamares satisfatórios quando
levamos em conta principalmente aspectos técnicos ligados à instalação, programação e manutenção dos sistemas de
automação para edificações em geral.
No entanto, ainda vivemos um grande impasse quanto ao entendimento e a assimilação destes projetos no âmbito da construção civil propriamente dita, ou seja, agentes como engenheiros civis, mestres de obras, arquitetos, empresas de instalações, gestores condominiais entre outros.
Visitando
canteiros de obras notamos que até mesmo a interpretação destes projetos mais
complexos é difícil e pouco compreendida por estes agentes. Os projetos de
automação, principalmente aqueles que por sua natureza integram diferentes
disciplinas são muitas vezes objeto de discussões carentes de metodologia e
entendimento amplo. O cenário pode se tornar ainda mais desfavorável quando
envolve fornecedores que pretendem forçar a adoção de suas soluções em
detrimento da eficiência geral que se busca. Alguns dos setores mais reticentes
são os de elevadores, ar condicionado e sistemas de prevenção e combate a
incêndios. Existem justificativas até aceitáveis nas limitações por vezes
impostas por estes agentes em função da necessidade de atendimento de normas ou
padrões já estabelecidos. Mas, atualmente com a integração bem planejada dos
projetos das diversas disciplinas é possível obter o máximo de desempenho com
um mínimo de interferências ou redundâncias e os custos adicionais que possam
causar no orçamento da obra.
Porém temos
um agravante: os próprios contratantes destes serviços (ou seja, as equipes
constituídas pelos incorporadores ou construtores para gerenciar as suas obras)
carecem de conhecimentos básicos para poderem exigir dos fornecedores este tipo
de comportamento. Raramente o contratante conhece em detalhes o que está sendo
adquirido e, principalmente, quais os parâmetros de desempenho que devem
solicitar. Assim, entendemos que é urgente tratar desta questão, ou seja, como
podemos capacitar equipes técnicas ligadas á construção civil para obter estes
conhecimentos e tornar estas ações rotineiras dentro do planejamento das
edificações e, em seguida, nos canteiros de obras?
Trata-se de
um desafio considerável, se levamos em conta a composição das
forças atualmente existentes. Em algumas áreas ligadas aos sistemas de tecnologias para edificações temos uma presença muito forte dos próprios fornecedores. Em situações pouco competitivas, surgem iniciativas de determinados fornecedores cujo caráter mercadológico e promocional se sobrepõe ao técnico. Este tipo de atividade não se traduz propriamente num treinamento, mas sim num esforço dirigido para promover determinada marca ou tecnologia em detrimento da concorrência. É comum observarmos o surgimento de “quase oligopólios” que se fazem presentes nas obras mais por estratégias comerciais do que propriamente para atender requisitos pré-estabelecidos em projeto.
forças atualmente existentes. Em algumas áreas ligadas aos sistemas de tecnologias para edificações temos uma presença muito forte dos próprios fornecedores. Em situações pouco competitivas, surgem iniciativas de determinados fornecedores cujo caráter mercadológico e promocional se sobrepõe ao técnico. Este tipo de atividade não se traduz propriamente num treinamento, mas sim num esforço dirigido para promover determinada marca ou tecnologia em detrimento da concorrência. É comum observarmos o surgimento de “quase oligopólios” que se fazem presentes nas obras mais por estratégias comerciais do que propriamente para atender requisitos pré-estabelecidos em projeto.
Portanto,
faltam programas de capacitação isentos, focados mais na área de conhecimento
conceitual e técnico do que na natureza de produtos e soluções específicas
ligadas a marcas comerciais. O volume de investimento destinado aos projetos de
construção civil é muito significativo para um volume tão pequeno de gastos com
treinamento e capacitação de pessoal. Nem sempre um projeto bem detalhado e
especificado é concluído como foi planejado pelos seus criadores, o que provoca
gastos desnecessários durante a obra e, mais grave ainda, pode comprometer o
uso e a operação da edificação no seu dia a dia.
A utilização
de consultores e equipes de comissionamento pode resolver parte do problema mas
entendemos que, além disso, os contratantes de sistemas e serviços ligados à
tecnologia nas edificações, tais como automação, segurança eletrônica,
telecomunicações, sonorização e outros correlatos devem se preparar
adequadamente para vencer este desafio de capacitação rapidamente e passar a
exigir dos contratados um maior rigor no atendimento das especificações em seus
projetos.
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