AUTOMAÇÃO RESIDENCIAL: A IMPORTANCIA DE DESENVOLVER UM PROJETO INTEGRADO

Autor: Eng. José Roberto Muratori

Embora ainda exista muito desconhecimento pelos moradores com relação aos benefícios da automação residencial, não é justificável que profissionais, entre eles projetistas e integradores, tenham descaso pela atividade de projeto nesta modalidade

Hoje em dia qualquer residência que esteja sendo construída ou reformada deveria contar minimamente com um projeto de infraestrutura com a visão integrada. Se não, vejamos a realidade: mesmo não contando com sistemas avançados de automação, muitas residências atuais (e incluímos ai os apartamentos também), dificilmente deixarão de contar com alguns destes equipamentos quando começarem a ser utilizados pelos moradores:

- internet de banda larga
- TV por assinatura
- sistema de áudio & vídeo (mesmo que simples)
- iluminação com maior numero de acionamentos, em função do aumento das zonas de iluminação implantadas para melhorar a ambientação e a economia de energia
- câmeras de segurança ou de conforto
- alarmes ligados á uma central de monitoramento
- eletrodomésticos conectados à rede

E assim por diante...

Estes itens listados acima fazem parte cada vez com maior frequência do elenco de sistemas que despontam no preferencia dos moradores. No entanto devemos encarar o fato que raramente a casa foi projetada para abriga-los de forma simples e sem a necessidade de intervenções na parte civil, o que sempre ocasiona custos e desgastes desnecessários aos seus moradores.

Então o que falta?

È necessário desenvolver em todo o grupo de profissionais que atua numa nova construção a percepção que é necessário se antecipar a estes requisitos e planejar devidamente a sua inclusão na infraestrutura do projeto de instalações que está se desenhando.

Mas, o que então deve acontecer quando esta situação for levada aos futuros moradores, seja pelo arquiteto ou pelo construtor? Normalmente não são estes profissionais que poderão desenvolver um projeto detalhado e então o projetista de instalações é convocado.

No entanto, a maioria destes projetistas também não incluiu ainda estas novas demandas em sua atividades rotineiras... e novamente podemos gerar um impasse e, pior do que isto, um projeto defasado tecnologicamente.

Mas, afinal, do que trata um “projeto integrado de automação residencial”?

Temos basicamente quatro disciplinas que devem ser obrigatoriamente incluídas neste projeto, a saber:
  •      A automação propriamente dita, que normalmente provoca alterações no projeto elétrico convencional – neste caso, estamos abrangendo itens como controle de iluminação, cortinas e venezianas motorizadas, climatização, irrigação automatizada, abertura de portas, bombas, filtros de piscina e outros equipamentos sempre conectados à rede elétrica para seu funcionamento
  •      O sistema de telecomunicações da casa, que inclui dados (redes, acesso à Internet), voz (telefonia, interfonia) e TV (antena ou por assinatura)
  •      O sistema de segurança eletrônica, composto de alarmes (de todo tipo), controle de acesso e circuito fechado de TV (câmeras de vigilância)
  •      O sistema de áudio & vídeo, que compreende não somente a sala de TV (Home Theater) mas toda distribuição de som ambiente também
Como podemos imaginar, alguns dos “espaços técnicos” criados numa residência devem abrigar parte destes equipamentos, sejam eles de automação, de conectividade, de segurança ou de som e imagem. Para que não se crie uma dispersão confusa pela casa, inviabilizando uma operação e manutenção mais simples, um estudo prévio destes espaços deve ser feita, levando em conta inclusive a necessidade do trafego de cabeamento e demais recursos empregados nestes sistemas.

Somente um planejamento interdisciplinar (ou seja, envolvendo o projetistas destas instalações, o arquiteto, demais profissionais da obra e também o morador) poderá chegar a uma solução otimizada e que garanta um uso eficiente da moradia no futuro

Mas ainda estamos longe deste consenso na maioria dos projetos atuais...

Qual seria então a solução?

Em nosso ponto de vista, temos duas situações possíveis e ambas serão satisfatórias:
  1. O projetista de instalações elétricas se atualizar profissionalmente e passa a incluir em seu portfolio o fornecimento de um projeto de automação integrado, com nível suficiente de informação para permitir que o futuro morador escolha seus fornecedores na época certa e que já tenha em sua obra toda a infraestrutura que ele pediu ao projetista devidamente considerada e prevista
  2. Que nesta fase inicial do projeto seja convocado para fazer parte da equipe um integrador de sistemas residenciais. Este profissional pode atuar positivamente no projeto desde a sua concepção e, opcionalmente, até o final da obra, fornecendo os equipamentos, fazendo a sua instalação e programação
Basta isso?

Como dissemos, ambas situações acima podem atender bem esta demanda. Mas ainda não são suficientes...

Tanto o projetista de instalações como o integrador devem se envolver mais do que estão acostumados atualmente. Explicando: um projeto integrado desta natureza exige uma postura proativa dos envolvidos.

Em primeiro lugar porque não são projeto que já tenham um amplo conhecimento de quem executa as instalações na obra. Portanto é preciso um cuidado maior ao transmitir as informações do projeto executivo para estes profissionais e, na sequencia, acompanhar e conferir se o que foi feito atende o projeto enviado. Esta, infelizmente, não é ainda uma prática recorrente e muitos projetistas ignoram se o seu projeto foi fielmente executado. Assim, nada garante que o instalados dos sistemas futuramente vai encontrar a infraestrutura adequada

Muitas vezes existe a necessidade de ajustes e melhorias no projeto decorrentes de situações da obra ou até de escolhas tardias do cliente ou de seu arquiteto. Então é necessário (novamente) se manter atualizado e inserir estas modificações no projeto a tempo de documentar o seu histórico

No caso do integrador de sistemas, notamos que algumas vezes este dá mais importância à instalação e programação dos sistemas do que à sua documentação. O que é um erro, pois uma boa documentação tem inúmeras vantagens, entre as quais podemos enumerar:

- facilita a atualização e expansão futura dos sistemas instalados inicialmente
- torna mais simples e práticas as eventuais reprogramações solicitadas pelo morador
- cria uma espécie de “manual do usuário” ajudando o morador e entender o funcionamento de tudo e recorrer ao integrador somente quando estritamente necessário
- permite ao morador repassar informações corretas a outros prestadores de serviços e até mesmo, em caso de venda do imóvel, para outro proprietário

Como começar certo?

Aos profissionais que desejam se especializar nesta nova modalidade de projeto sugerimos que estudem as diversas possibilidades de treinamento hoje existentes. Infelizmente não é uma disciplina que conste nos currículos das faculdades, portanto as ofertas de cursos são localizadas em entidades de classe, algumas iniciativas privadas e nos fabricantes dos sistemas. Este últimos estão mais focados em mostrar como se especifica, instala e programa os produtos ou soluções que eles vendem. De toda forma, já existem alguns treinamentos importantes e que podem dar uma base suficiente para que o profissional passe a agregar esta atividade em seu portfolio

(Neste ponto sugerimos conhecer o curso online da AURESIDE "Passo a Passo de um Projeto Integrado de Automação Residencial")



Sugerimos também que pesquisem e criem o seu próprio “check list” de projeto, ou seja, listar todas as possibilidades que existem  hoje de implantação de sistemas residenciais e levem aos seus futuros clientes na fase de levantamento e diagnostico de projeto. Assim, o futuro morador será informado sobre estas possibilidades, fará suas escolhas e não poderá alegar futuramente desconhecimento ou penalizar seu projetista por qualquer tipo de omissão

Com estas considerações, entendemos que começaremos a trilhar um novo caminho onde  atingiremos um patamar de inovação em nossos projetos de instalações residenciais. Aqueles  que puderem aderir a esta sistemática com certeza sairão ganhando em sua imagem profissional e serão considerados entre clientes e formadores de opinião como inovadores e perfeitamente “antenados” com as tecnologias hoje disponíveis.

OS NIVEIS DE MATURIDADE DO BIM

A utilização do BIM será uma ferramenta valiosa para quem trabalha com construção civil. Baseia-se no conceito de trabalho colaborativo, o que torna fundamental que todos os envolvidos saibam do que estamos falando.

BIM (Building Information Modeling ou Building Information Model) pode ser traduzido como Modelagem de Informação da Construção ou Modelo da Informação da Construção é um conjunto de informações geradas e mantidas durante todo o ciclo de vida de uma edificação.

O BIM é um método colaborativo de trabalho que se baseia na geração e troca de dados e informações entre as várias partes do projeto. Com base nessas informações, o ciclo completo de um edifício, desde a concepção até a conclusão e posterior manutenção, pode ser gerenciado com mais facilidade. Desta forma, é uma parte indispensável do processo de tomada de decisão.

Existem diferentes níveis de colaboração compartilhada em um projeto de construção. Estes são conhecidos como níveis de maturidade do BIM. A medida que avançamos através dos níveis, a colaboração entre os vários lados vai aumentando. No momento, existem quatro níveis distintos de maturidade do BIM.


Outra informação importante é a distinção entre as dimensões do BIM.

As dimensões são diferentes dos níveis de maturidade, pois estão ligadas ao tipo de informação que pode ser disponibilizada através do processo. São 4 tipos:


A transição da forma de projetar tradicional para a implantação de modelos BIM é inevitável, visto os benefícios envolvidos. A velocidade no compartilhamento das informações trará um aumento na produtividade. O trabalho colaborativo vai diminuir o tempo necessário para incorporar e editar novas informações. Estes itens impactam diretamente na diminuição de custos e na maior eficiência no planejamento de projetos.

O BIM, facilita o gerenciamento de grandes quantidades de dados, tornando a gestão do edifício mais eficaz e econômica. Tendo maior facilidade para gerenciar estes dados, as edificações terão um elevado padrão de qualidade, além de poderem sofrer interferências para modernização com mais rapidez e eficiência.

Com a aplicação do BIM, os erros construtivos são drasticamente reduzidos, e a tecnologia ainda torna a manutenção do edifício muito mais econômica.

A implantação do BIM ainda está só no começo e a mudança na realidade dos escritórios de projeto assusta bastante, mas a grande certeza é de que é um caminho sem volta volta.